Mulheres e vinho, ao longo do tempo
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- Categoria: a história do vinho
Houve um tempo em que era vedado, às mulheres, o prazer do vinho. Acredita?
O escritor romano Caio Plínio Segundo (23 – 79 d.C), conhecido como Plínio, o Velho, relatou alguns casos, em sua obra intitulada História Natural:
Um homem que assassinou sua esposa por ela ter bebido vinho, e foi absolvido do crime.
Uma moça que quebrou o fecho do armário onde estavam as chaves da adega, e foi condenada, pela família, a morrer de fome.
Um juiz que estabeleceu uma multa a uma mulher que bebeu, sem o conhecimento de seu marido, uma quantia de vinho maior do que a justificável por questões medicinais.
Pode parecer mais incrível, ainda, mas escrituras romanas afirmam que o motivo de parentes próximos beijarem as mulheres da família era justamente para verificar se havia cheiro de vinho em suas bocas!
Se você nunca ouviu falar nisso, saiba que é verdade! O ius osculi, ou a lei do direito do beijo, era concedido aos homens, como forma de controlar o que se considerava bom comportamento feminino.
Com o tempo, a própria sociedade romana foi lentamente evoluindo nessa questão. A proibição total do acesso ao vinho, do começo do Império Romano, que incluía mulheres, jovens rapazes, e escravos, deu lugar ao controle do consumo excessivo.
O excesso de vinho era desaprovado, para as mulheres, porque acreditava-se que sob o efeito do vinho a mulher ficava menos virtuosa, e mais indecorosa. Ela ficaria mais propensa, por exemplo, a cometer adultério. Vale lembrar que o adultério não era uma prática tão incomum, uma vez que os casamentos aconteciam por interesses políticos ou econômicos, e não por amor ou escolha pessoal.
Outra crença estranha relacionava a embriaguez a uma baixa capacidade de retenção do sêmen masculino no corpo da mulher, prejudicando assim a procriação. Além disso, creditava-se ao vinho, ou ao excesso dele, o poder de aumentar enjoos e desejos durante a gravidez.
Pobres romanos. Ficariam em pânico se soubessem que hoje, felizmente, o mundo é muito diferente, ainda que esteja longe de ser perfeito.
Felizmente vivemos em um mundo com menos crenças e mais saberes.
Em um mundo onde, além de enófilas (apreciadoras de vinho), existe também muita sommelière e muita enóloga, esbanjando seu talento por aí!
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